sábado, 20 de outubro de 2007

PBL/ABP_1


Final de campeonato

Orlando era só empolgação para ver seu time decidir a final do campeonato. Tirou a bandeira do armário e partiu para o estádio no seu automóvel em companhia de dois amigos. Durante o percurso, um dos amigos, que folheava o jornal A Noticia, sugeriu-lhe a compra de uma câmara digital para registrar o tão esperado jogo. (De fato, a última decisão disputada pelo time de Orlando tinha ocorrido há quinze anos.) Ao avaliar a marca, o modelo, as principais características e o preço de uma das câmaras ofertadas na publicidade jornalística, Orlando acolheu a sugestão e resolveu antes passar no shopping center Sul para adquiri-la.

No anúncio, a loja Aliciante ofertava a câmara fotográfica escolhida por Orlando por R$ 295,00. O vendedor argumentou, entretanto, que tinha ocorrido um problema técnico na publicação da oferta, pois, na verdade, o preço real do produto era R$ 395,00. Surpreso, Orlando objetou que desconhecia tal informação. Mas, segundo o vendedor, havia uma errata da publicidade que se encontrava à disposição dos consumidores no estabelecimento comercial, a qual não tinha sido publicada no A Notícia por falta de tempo hábil. Nesse interregno, Orlando foi alertado por um dos seus amigos que o início do jogo estava se aproximando. Ansioso, Orlando sujeitou-se a pagar o novo preço com seu cartão de crédito. Contudo, no momento em que estava efetuando o pagamento, mais uma vez Orlando foi surpreendido com outra novidade. Segundo o caixa, o preço de R$ 395,00 era à vista ou com cheque. O pagamento com cartão de crédito implicaria um custo adicional de 5%, relativo a encargos financeiros. Sem dinheiro em espécie, cheque e ávido para registrar os principais lances da partida, Orlando acabou definitivamente rendendo-se à imposição da loja. Afinal estava em cima da hora. A bola já estava quase rolando.

Às pressas, Orlando e seus amigos retornaram ao estacionamento do shopping, onde o carro tinha ficado estacionado. Ao embarcar no veículo um dos caronas pediu a Orlando que religasse o som para irem acompanhando a cobertura do jogo pela FM Parispitanga. Todavia, nesse momento, deram-se conta de que o equipamento de som veicular tinha sido furtado enquanto faziam compras.

- Ha! Meu Deus! Por isso que percebi a porta destrancada, frisou Orlando.
O fato foi comunicado à segurança do shopping, que apenas lamentou o ocorrido. Ao chegar às proximidades do estádio, Orlando estacionou seu veículo numa Zona Azul demarcada pela Prefeitura, onde também comprou por R$ 3,00 um cartão de estacionamento de um agente municipal, que controlava o fluxo de veículos no local. No bilhete oficial constava a seguinte cláusula: “A prefeitura não se responsabiliza pela guarda e vigilância do veículo”.
Já no lusco-fusco da tarde, Orlando tentou fotografar um gol de seu time, mas o flash da câmara não funcionou, embora tenha sido ativado conforme instruções do manual, escrito em língua estrangeira. O que acabou prejudicando irremediavelmente a qualidade da foto. Findo o jogo, Orlando, com seus amigos, deixou o estádio feliz da vida, comemorando o sucesso do timão, gritando: é campeão! é campeão! é campeão! Entretanto, quando se aproximou da Zona Azul à procura de sua S-10, esta tinha também desaparecido. Procurou desesperadamente o agente da prefeitura, mas também não o localizou. Teve de voltar para casa de táxi com seus amigos, depois de passar no Distrito Policial do bairro para registrar a ocorrência.

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